Chamados para usar de misericórdia

Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz". ( 1 Pedro 2:9). Nesse presente século o mundo está sendo varrido por grandes transformações. Entendemos que mudanças fazem parte da natureza humana, pois somos a única que busca o aperfeiçoamento. O homem tem evoluído em todas as esferas. No campo das ciências, nunca se fez tantas descobertas para o bem estar do indivíduo. A qualidade de vida aumentou de forma significante, proporcionando mais prazer ao indivíduo. Hoje, as nações estão mais perto do que nunca no mundo chamado globalizado e não existem mais fronteiras que nos separam. Estamos todos conectados na grande rede e não dá pra ficar de fora dessa grande realidade. Essa é a geração que viu como nenhuma outra, as grandes transformações. Também, não podemos esconder que somos a geração que mais matou e que mais fez guerras contra o seu próximo. Somos a geração mais doente de todos os tempos. Estatísticas comprovam que somos a geração dos Antidepressivos e temos alimentado a grande rede farmacêutica que fatura bilhões com a doença alheia. Os consultórios de psicologia e psiquiatria estão lotados de pessoas a  procura de tratamento. Há um grande vazio existencial e na busca para preenchê-lo, a humanidade tem se afundado ainda mais. As drogas em todas as suas formas têm destruído vidas, famílias e nações. 


O crack está matando as nossas crianças, os nossos jovens e adultos de ambos os sexos. As autoridades perderam o controle da situação. Os governos já não sabem mais o que fazer para conter essa onda devastadora que vem como um grande tsunami destruindo toda estrutura da sociedade. Essa também é a geração que mais tem se afastado de Deus como nenhuma outra. A vida moral e ética não existe mais. A família está se degenerando diante dessa avalanche e teme quanto ao seu futuro. Leis anti família estão sendo criadas e dão sustentação ao erro, ao pecado de uma sociedade que tem perdido o temor de Deus. Há um grito de socorro sendo emitido pelo coração humano em todas as nações, seja ela pobre ou rica. Há uma dor na alma da humanidade, dor essa que não pode ser contida pelos remédios humanos. Dor que dia após dias vai matando aos poucos sem que se perceba. É a dor do distanciamento de Deus. É a dor do pecado. E diante de todas essas mudanças qual tem sido a nossa postura enquanto igreja do Senhor Jesus Cristo que foi chamada para ser sal e Luz nesse mundo¿ Diante da dor do nosso próximo, temos sido bons samaritanos ou estamos assumido o papel do sacerdote ou do levita¿ A igreja não pode se omitir diante dessas grandes transformações pois ela é voz profética de Deus aos homens que denuncia o pecado mais abraça o pecador.  


Na parábola contada por Jesus em Lucas capítulo 10:25 a 37 o caminho percorrido pelo sacerdote, levita e samaritano era o mesmo da pessoa que estava caída no chão. A humanidade está transitando no mesmo caminho e não há como saber o que vai acontecer lá na frente e quais dificuldades surgirão nessa tão breve caminhada. A verdade que Jesus queria mostrar nessa parábola era que a religião judaica estava totalmente corrompida. Não havia sentimento pela dor do próximo que estava nas mãos dos “salteadores”. É muito fácil nos tornarmos meros religiosos, cumpridores de ritos e dogmas. Tanto o sacerdote como o levita estavam vindo de Jerusalém, que era o lugar do templo, da leitura da Torá e da adoração à Deus. Eles foram ao templo levantaram as mãos em adoração e puseram suas ofertas no gazofilácio. Cumpriram todo o ritual de sempre. Mas não estenderam a mão no sentido horizontal em direção ao próximo, que precisava de ajuda. Não meteram a mão no bolso para custear as despesas com o tratamento das feridas do que estava doente na estrada. Permita me falar, hoje, em muitos lugares tidos como igreja do Senhor e muitos chamados de sacerdotes do Senhor, estão metendo a mão no bolso das pessoas para o seu próprio bel prazer. São campanhas e mais campanhas para arrecadação de dinheiro e isso para alimentar ego de uma liderança que adulterou o real sentido da prosperidade dos que andam com Deus. Leia o Salmo 128, lá a prosperidade é fruto de um coração que teme a Deus é não fruto de barganhas. As pessoas se tornaram objetos de uma religião de consumo capitalista. Passaram a valer pelo que podem dar aos seus líderes gananciosos e religiosos. O ser humano perdeu o seu real valor dentro da atual estrutura chamada evangélica nessa imensa nação.


 A grande verdade também é que o povo gosta do erro do engano e se deixam manipular por tais “sacerdotes”. Na parábola o sistema religioso da época de Jesus foi criticado duramente, devido a sua falta de misericórdia e por querer sustentar exclusividade em relação a fé. Aqueles que eram os interpretes da Lei estavam perdidos dentro de um mundo egocêntrico e não tinham misericórdia pelos excluídos da sociedade. É o mesmo discurso religioso dos nossos dias. Nada mudou! Jesus mexeu com o orgulho dos religiosos ao dizer que foi um samaritano que usou de compaixão para com o homem ferido. Logo os samaritanos que eram vistos como pessoas excluídas pela religião judaica. Samaritanos que eram a sobra do povo que não fora levado para a Babilônia e que se misturou com outros povos trazidos de outras nações. Samaritanos que na visão do judaísmo não tinham autorização para adorar ao Deus verdadeiro. Jesus pegou pesado ao usar a figura do samaritano como aquele que era portador de misericórdia. Essa mensagem da parábola está muito viva e fala-nos também como igreja que exerce o papel de sacerdócio. Se a igreja falhar em sua missão de ajudar os marginalizados, os excluídos, os infortunados que estão caídos na beira dos caminhos, Deus vai usar os “samaritanos”. Gente que a gente condena por não fazer parte do nosso grupo religioso. Deus não está a procura de estruturas religiosas para se manifestar na vida dos homens. Ele vai usar a quem ele quiser e ponto final. É dura essa palavra! Se a igreja falhar em usar e levar as misericórdias, Deus vai usar outro povo. Ele está atento as necessidades do que está sofrendo e que precisa de cuidados. Perdemos-nos dentro das nossas celebrações egoístas e nos esquecemos de viver o verdadeiro sentido de igreja como agência missionária que proclama o nome de Deus no sentido vertical e horizontal. Não adianta irmos aos templos, levantar as mãos, sentirmos arrepios, chorar se não fizermos Deus conhecido com atitudes que venham sanar a dor do nosso próximo. Tudo isso tem o seu valor, mas precisamos sair do monte da transfiguração e descemos aos vales dos miseráveis que clamam por socorro.


 Isso dá muito trabalho caro amigo, irmão da mesma fé. Como diz o ditado: vamos ter que meter a mão na massa pra fazer as coisas acontecerem. Vamos ter que aposentar o terno e a gravata, vamos ter que tirar as bijuterias e o salto alto e calçar as sandálias da humildade. No Reino de Deus temos que pegar a bacia com água, tirarmos a toalha, e lavar os pés do próximo.Vamos ter que deixar o nosso ninho, nosso lar em alguns momentos e abrir mãos e olhos de noites de sonos. É o preço da renúncia, para que o que está ferido nas “estradas” da vida, seja alcançado pela graça de Deus. Há um clamor vindo de todos os lados há um grito de S.O.S. Você conhece o significado dessas três letrinhas? Em inglês quer dizer: Save Our Souls, e sua tradução é a seguinte: salve nossas almas. Na verdade a tradução certa é essa: “Tô com fome! Quero comida, pois tenho meus filhos em casa e ainda não fizemos uma refeição”. “Ei preciso de remédios”! “Socorro, alguém pode me ajudar? Não sei mais o que fazer com o meu filho mergulhado nas drogas”. “Meu marido foi embora, me deixou com quatro filhos para criar e não sei o que fazer”. “Tenho muito dinheiro e posso comprar o que quiser, mas há um vazio dentro de mim que não sei explicar”. “Há um sentimento de culpa dentro de mim e já até pensei em tirar a própria vida”. Nesse exato momento, há muitos S.O.S sendo emitidos dos mais diversos cômodos dessa grande casa chamada terra. Há gente sofrendo os mais diversos ataques que afetam os seus corpos, alma e espírito. 


A paz foi levada, a alegria foi tirada, a esperança deu lugar as incertezas e a alma dos homens está doente. Como já disse, somos a geração mais doente de todos os tempos e estamos precisando de cura. Essa enfermidade é espiritual pois o nosso distanciamento de Deus tem nos deixado marcas profundas. Que venhamos nos levantar como igreja do Senhor nessa geração. Que façamos ouvir a nossa voz profética enquanto igreja que proclama as Boas Novas. Que venhamos estender as nossas mãos e converter os nossos bolsos para abençoar aqueles que estão caídos à beira das estradas da vida. Vamos deixar de ser simplesmente freqüentadores de igreja. Vamos rasgar a cartilha da religiosidade que está nos afastando de Deus e do nosso próximo. Que sejamos achados de verdade sacerdotes e levitas de Deus nesse presente tempo. Vamos orar pelas nações, para que em cada uma delas se manifeste o refrigério de Deus. Que o Senhor nos abençoe e nos guarde a cada dia em o nome do Senhor Jesus Cristo. Amém!


Pastor Francisco Rosa - (em 19 de julho de 2011 às 15h50min minutos.)

E-mail: prfranciscorosa@hotmail.com

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